Tempo de parar de fugir

Ao ler este post http://vidaorganizada.com/organizacao/comece-a-se-organizar/seja-uma-mae-organizada-agora/

Confirmei mais uma vez que é tempo de deixar-me de desculpas.
É verdade que fui mãe, mas chocolatinho já vai fazer dois anos, é verdade que fui abandonada pela empregada, mas mal ou bem vou dando um jeito e namorido vai ajudando. Também é verdade que por vezes sinto-me sozinha mas se não procurar as pessoas elas também não o fazem.
É verdade também que acordo ás 5.15, que chego ao trabalho ás 7.45 que saio ás 17h e chego a casa ás 18.30/19h consoante o trânsito.
Continuando na senda das verdades, também é verdade que temos problemas de água e luz (agora a água), que o trânsito é caótico e que em Angola as coisas são caras.
A última das verdades é que devo agradecer a Deus por ter um trabalho que é bem remunerado consoante a média nacional e que tenho um caminho aberto para crescer quer na área de ensino, a minha grande paixão, como nas ciências da informação.
Verdades á parte, chegou a hora de deixar-me de desculpas, de viver desorganizada, de reclamar e parar de vitimizações.
Porque é mais fácil acusar os outros de incompetentes mas ficar horas navegando por blog's porque se tem preguiça, porque é mais fácil dizer que se tem muito trabalho mas não fazer nada para diminui-lo porque no fundo bem no fundo tenho medo. Medo de não corresponder ás expectativas ás minhas e as dos outros, medo de não usar todos os recursos disponíveis pois é tão mais fácil ser-se mediano do que excelente...
Ser bom naquilo que se faz requer tempo (aquilo que digo que não tenho), dedicação, empenho, estudo e trabalho imenso trabalho.
Este medo tem-me paralizado, de que adianta ler blog's sobre organização, criar ferramentas como toodledo e andar de caderninho se não faço mais, nem melhor.
De que adianta perder horas na internet quando tenho milhentos livros para catalogar e dentro em breve irão cobrar-me pois a Biblioteca terá que estar pronta até Fevereiro.
Talvez esta inércia é mesmo para dar razão aos meus receios, para justificar que sim não sou capaz e não sou boa o suficiente.
Afinal por trás de uma criatura decidida, está uma menina assustada sem confiança em si e que espera que lhe digam para onde ir. Avarenta em input's positivos e estimuladores mas que se não os tiver deixa de acreditar. Esquecendo-se de tudo aquilo que já conquistou (nisto não ando melhor que minha progenitora) e do que batalhou para aqui chegar.
Ai como os pais nos definem....
Devo pensar e repensar naquilo que me guiou durante a minha vida em Portugal, fazer tudo o que haveria para fazer na escola e levar o meu conhecimento para o meu país dando um contributo.
Ainda me falta o Mestrado e Doutoramento, e não dei nem 1,3 do que posso.
Depois de tamanho desabafo, restam-me baby steps e encarar a vida um dia de cada vez.