segunda-feira, 8 de junho de 2015

Predadores Sociais - Crónica O País de 22 de Maio



No Dicionário Moderno da Língua Portuguesa Predador é algo ou alguém que vive de presas e parece-nos bem classificar as pessoas envolvidas em casos marcantes da nossa sociedade nas últimas semanas como predadores.
Porque só pode ser predador alguém que conduz um transporte escolar e das inúmeras viagens já feitas escolhe uma aluna indefesa para violar, pois é a última a ser posta em casa…
Predador é também um padrasto que abusa repetidamente do enteado dos 4 aos 6 anos sabendo que é seropositivo e que depois de descoberto justifica-se dizendo que fez tal acção pois foi “buscar feitiço a Cabinda para ser rico sendo a transgressão o recomendado para a mezinha surtir efeito”
E o que dizer então dos professores que assediam descaradamente alunas em salas de aulas levando a que as mesmas com laivos de astúcia gravem os assédios para poder denunciar sem que duvidem das suas afirmações.
Não, não estamos no fim dos dias nem sequer próximo a eles, o que verificamos é o crescimento de casos de pedofilia entre nós, provavelmente já existiriam anteriormente mas com a mediatização começamos a tomar consciência de que estes predadores exercendo funções de protecção estão à solta e que nós, habituados a pensar que “O Mais velho” quer seja pai, tio, avô ou primo deve ser respeitado, não desconfiamos de determinadas atitudes que poderão parecer suspeitas a olhos mais receosos.
A Pedofilia é uma desordem mental classificada assim quando a pessoa que sofre com a patologia causa danos a outros ou a si mesmo, quando isso não acontece investigadores tratam-na como uma orientação sexual.
De acordo com o novo sistema norte-americano de classificação psiquiátrica, um distúrbio pedófilo existe quando uma pessoa tem uma orientação sexual direccionada às crianças e a vivência, ou sofre com o facto de ter essa orientação sexual" como afirma Jorge Ponseti investigador na Clinica Universitária de Schleswig-Holstein (UKSH), em Kiel, na Alemanha.
Um estudo elaborado pela (UKSH) no ano passado mostra que é possível identificar cidadãos pedófilos com recurso a ressonância magnética ao cérebro e que os mesmos têm um coeficiente de inteligência com cerca de oito pontos abaixo da média, outro ponto interessante é que o QI do criminoso sexual está relacionado com a idade da vítima ou seja quanto mais baixo o coeficiente de inteligência menor a idade da criança abusada.
Para as pessoas com este distúrbio o centro de recompensa cerebral é activado quando visualizam imagens de crianças, os estudos feitos por esta instituição germânica conseguem identificar pedófilos, mas não explicar o porquê da doença.
É importante ressaltar que muitos dos que sofrem com estes instintos mas não cometem crimes não sendo o caso dos que passam a barreira.
Estarão as nossas crianças seguras? Neste ritmo alucinante em que vivemos onde as deixamos ao cuidado de terceiros ou em alguns casos á sua própria sorte.
Seremos demasiado desconfiados ou cautelosos se começarmos a questionar ofertas em dinheiro ou guloseimas aos nossos petizes?
Temos meios de apoio para as crianças vítimas destes traumas?
E estamos realmente preparados para encarar estes distúrbios mentais como algo interno ou continuaremos a justifcar estas acções como coisas vindas do exterior?
Talvez comece a ser altura de “Jikulumesu” e em conjunto iniciarmos um debate aberto sobre de que forma vivenciamos a vida das nossas crianças.


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