terça-feira, 30 de junho de 2015

O Nosso Lixo - Crónica Jornal O País de 26 de Junho

Estamos preocupados, muito preocupados, acordamos saímos de casa e deparamo-nos com LIXO aquele que é feito diariamente nas nossas casas, aquele que pode causar doenças, que atrai roedores e cheiros nauseabundos.
Já passamos a fase da “selfie” no lixo como forma de protesto ou de chamar a atenção para uma situação que começa a ser preocupante e se nada fizermos vamos resignar-nos a que nos venham buscar o lixo de dois em dois dias ou sabe-se lá quando.
Entre aquisição de novos meios para recolha, passagem de responsabilidade para as Administrações Municipais em que ponto estamos?
Ouvia há dias um pronunciamento de um responsável da Elisal que dizia que as novas empresas com o encargo da recolha de resíduos sólidos estavam também “constrangidas” pelas dificuldades de aquisição de divisas para pagamento/desalfandegamento dos meios que irão utilizar e por isso estes obstáculos no arranque dos trabalhos e eu uma leiga nestes assuntos de constituição de empresas e gestão pergunto-me, mas isso não deveria já ter sido assegurado?
A verdade é que faz espécie andar pelas ruas da capital e verificar os montes e montanhas de lixo pelos cantos e que urge encontrar uma solução, mas parece-me também que há uma necessidade de educar o cidadão no que diz respeito à forma como acondiciona o lixo que produz. Gosto de passar por determinados sítios e verificar que existem depósitos para reciclagem de lixo, não gosto tanto que estes se encontrem fechados e sem uso.
O conceito de reciclagem é simples: algo que não tem mais utilidade é transformado novamente em matéria-prima para que se forme um item igual ou sem relação com o anterior podendo ser feito de várias maneiras.
É preciso reforçar o aprendizado para a reciclagem, explicar que pacotes de sumo ou leite podem ser depois de consumidos espalmados, que caixas de electrodomésticos também.
Que separar o vidro, plástico, metal ou componentes electrónicos ajudam à própria preservação ambiental e poderão gerar postos de trabalho.
Desde que o mundo é mundo que nós seres humanos produzimos lixo, no período Paleolítico em que eramos nómadas fomos deixando os nossos restos nos acampamentos. Ao tornar-nos sedentários constituindo comunidades fixas fomos aumentando a nossa produção de resíduos.
De acordo com um estudo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), a civilização Hindu já dispunha de um sistema de esgoto, além da pavimentação das ruas.
Na Idade Média, sabe-se que várias cidades italianas tinham normas para o destino de objectos e carcaças de animais, assim como a eliminação de águas paradas e a proibição de lixo e fezes nos espaços comuns.
Foi também na Idade Média que surgiram os primeiros serviços de recolha de lixo. Inicialmente, prestados por particulares e aquando da sua impossibilidade optava-se pelo serviço público –exercido por carrascos da cidade e os seus auxiliares, tendo muitas vezes a ajuda de prostitutas.

Porém, na segunda metade do século XIX, com a Revolução Industrial, houve um aumento significativo na produção de lixo, causando graves impactos sanitários. Foi necessário pensar em novas medidas para amenizar a complicada situação dos bairros operários e também dos bairros nobres. Dizia-se que Londres era nauseabunda.
Só no século XX à preocupação com todos os resíduos sólidos junta-se o problema do que fazer com eles criando-se assim o conceito de separação e reaproveitamento do lixo de forma a preservar o meio ambiente e vidas humanas.
Estamos preocupados, muito preocupados e esperamos ver resolvido o problema do lixo em Luanda.


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