sexta-feira, 7 de agosto de 2015

A Mulher Africana e o Empoderamento - Crónica O País

Comemorou-se no passado dia 31 de Julho o Dia da Mulher Africana, instituído em 1962 na Conferência das Mulheres Africanas, em alusão à data fui convidada a proferir algumas palavras sobre o Futuro da Mulher Angolana na Banca e acabei por direcionar a apresentação para o futuro da mulher africana enquanto profissional.
A História diz-nos que é com a Revolução Industrial e posteriormente as duas Grandes Guerras que as mulheres começam a ser tidas em conta no mercado de trabalho pois até então estavam-lhe reservados os papéis de esposa, mãe e dona da casa.
Este incremento de mais um papel levou-as a ajudar no rendimento familiar, apesar de ganharem menos do que os homens, e a terem consciência do seu valor e capacidade.
Hoje em dia as mulheres exercem cargos de liderança em grandes instituições não descurando os seus outros papéis fora da vida profissional, porém há ainda um caminho a percorrer.
Empoderamento ou na sua versão anglófona Empowerment significa: Mecanismo em que pessoas, organizações e comunidades assumem o controlo dos assuntos e destino da sua vida tendo consciência das suas habilidades e competências para produzir criar e gerir
A mulher africana poderá analisar o empoderamento como algo que a ajudará a escalar a ascensão profissional, pois somos muitas no ensino universitário, nos locais de trabalho e temos um bichinho de empreendedorismo, contudo são raras as que sobem aos lugares de topo, auferindo de forma igual ou superior aos homens.
A.V Steil afirma no seu artigo “Organizações, género e posição hierárquica – compreendendo o fenómeno do tecto de vidro” que o tecto de vidro é uma representação simbólica de uma barreira que de tão subtil, é transparente, mas suficientemente forte para impossibilitar a ascensão de mulheres aos postos mais altos da hierarquia organizacional.
E como evitamos os tectos de vidro? Com programas que visam a equidade, mas acima de tudo através da formação.
No Brasil foi criado um programa de Pró – Equidade do Género que tem como objectivo promover a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres no mercado de trabalho desenvolvendo concepções e procedimentos na gestão das pessoas e na cultura organizacional. Este projecto é uma iniciativa da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República com parceria do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher e da Organização Internacional do Trabalho, provando que empoderamento feminino é algo a ser levado em conta.
As africanas devem quebrar os estereótipos em que se atribuem essencialmente às mulheres a responsabilidade das tarefas domésticas e do cuidado com os filhos encontrando também uma forma de conciliar as exigências da maternidade com a profissão pois num mundo cada vez mais competitivo quem melhor preparado estiver vence.
Em 2005 no Fórum Económico Mundial foram avançadas as cinco dimensões importantes do empoderamento e oportunidades das mulheres levando em consideração os padrões de desigualdade entre homens e mulheres sendo estes:
·         Participação Económica
·         Oportunidades Económicas
·         Empoderamento político
·         Avanço Educacional
·         Saúde e Bem-Estar
O Avanço Educacional é o pré – requisito fundamental para o empoderamento das mulheres em todas as esferas da sociedade. Sem educação de qualidade e conteúdo comparável à recebida pelos homens as mulheres não conseguem acesso a empregos bem pagos no sector formal, nem avanços na carreira, participação e representação no governo criando influência política, isto é devemos investir ainda mais no que diz respeito às oportunidades de aumento de conhecimentos quer seja através de participação em Workshop’s, Conferências, Formações ou graduações superiores.
Temos orgulho enquanto africanas de todos os papéis que desempenhamos, pois somos o leme familiar, continuamos a acreditar na riqueza de famílias numerosas, não deixando de procriar em prol do trabalho como em outras partes do mundo, mas devemos ter consciência que a ascensão profissional implica um esforço adicional e uma boa preparação que nos abrirá portas influenciando de forma positiva as gerações vindouras.
 


Os Loucos - Crónica O País

Quem circula pelas ruas da nossa capital não pode deixar de notar o incremento de pessoas de ambos os sexos deambulando com ar maltrapilho.
Uns com roupas sujas e desgastadas, outros nus. Há até programas de rádio em que os ouvintes ligam para dizer que “maluco X” ergeu uma espécie de acampamento em paragem “Y” e lá o radialista faz um apelo às autoridades, outros preocupados pela diminuição da temperatura ligam pois de forma inesperada um adulto do sexo masculino tem pernoitado no campo desportivo sem agasalho condigno.
São os loucos meus senhores, que por razões diversas perderam a sanidade e preferem viver numa realidade paralela, comendo o que encontram no lixo, lendo folhas soltas de jornais ou simplesmente ficando prostrados em algum sítio olhando para o vazio.
Aflige-me notar que cada vez mais existem pessoas com perturbações mentais nas ruas e nós simplesmente fingimos não ver, a não ser que o dito cujo suba para uma estátua no Largo das Heroínas sem roupa, mas nessa situação preocupamo-nos em “sacar” dos telemóveis fotografar ou filmar e por a circular nas redes sociais.
Será que o nosso dia-a-dia cheio de percalços e incidentes não fará algum de nós seguir tal caminho? Pois a falta de descanso, a má alimentação e altos níveis de stress podem causar depressões ou até mesmo colapsos nervosos.
Onde estão as instituições governamentais e a sociedade civil que parecem indiferentes a um fenómeno que tem vindo a crescer.
Entre leituras descobri que existe uma diferença entre demência e loucura pois demente é alguém que paulatinamente pode perder capacidades cognitivas, a exemplo da doença de Alzeihmer, enquanto louco é quem perde consciência de si no mundo fazendo coisas que fogem a razão.
Curioso que historicamente a forma como lidamos com a loucura sempre foi uma espécie de negação ou afastamento. No Renascimento estes indivíduos eram colocados em barcos e deixados à deriva em alto mar, no século XVII-XVIII são criados os hospitais onde se aprisionam os loucos com o intuito de os afastar da sociedade com medo de possíveis contágios e só a partir do século XIX é que a loucura passa a ser vista como doença e estudada.
João Frayze-Pereira, no seu livro “O que é loucura?”, traz dados de uma pesquisa que fez com os seus alunos de psicologia sobre o que é a loucura.” A loucura é vista de diversas formas: como perda da consciência-de-si-no-mundo, como uma doença, como um distúrbio orgânico ou desequilíbrio emocional que levam a um desvio de comportamento, como distúrbio emocional cuja origem é o desajustamento social do indivíduo, como desvio comportamental em relação a uma norma socialmente sancionada, como estado de alienação da realidade.”
Porém no campo psiquiátrico, internacionalmente, ainda há muito o que pesquisar e entender já por cá muitos de nós sofremos de preconceito pois isso de recorrer a um psicólogo ou psiquiatra “são coisas dos estrangeiros” é pouco abonatório contar os nossos problemas a quem não nos conhece e nada sabe da nossa vida e vamos andando procurando refúgio no álcool, no tabaco, nas discotecas ou em drogas pois permitem-nos fugir daquilo que não queremos enfrentar.
Há algum tempo atrás soube do caso de um jovem que sofreu um esgotamento nervoso por excesso de trabalho foi levado primeiramente para um hospital teve uma ligeira melhoria mas logo em seguida nova recaída os seus familiares decidiram levá-lo para o Papá Kitoco pois os tratamentos tradicionais resolveriam a situação, foi visitado por amigos, sujo, maltrapilho acorrentado e não dizendo coisa com coisa…. Fez-me lembrar a forma como a loucura era tratada nos séculos XVII-XVIII….

Preferimos fingir que não vemos o senhor que circula pela zona da Rei Katyavala com muitas calças vestidas, a menina com a saia muito curta e com as cuecas na cabeça, ou a “Mais Velha” que deambula com os panos sujos e pede 10 kwanzas. A loucura está entre nós e mesmo que os escondamos ou aprisionemos eles saem à rua mostrando que este é um problema que deve ser resolvido.

Nós por cá...

Tenho andado ocupada no trabalho decidi deixar de sofrer bulling laboral e isso significa dedicar-me e esforçar-me mais.
Ainda não estou 100% mas conto lá chegar.
Ofereceram-me 2 livros do Robin Sharma e tenho andado a ler um deles à noite, durante o dia leio Jorge Bucay comecei a reler quando me deu o click anti bulling.
Sei que devo olhar mais por mim e querer mais do que a vida tem para me dar...