Comemorou-se no passado dia 31 de Julho o Dia da Mulher
Africana, instituído em 1962 na Conferência das Mulheres Africanas, em alusão à
data fui convidada a proferir algumas palavras sobre o Futuro da Mulher
Angolana na Banca e acabei por direcionar a apresentação para o futuro da
mulher africana enquanto profissional.
A História diz-nos que é com a Revolução Industrial e
posteriormente as duas Grandes Guerras que as mulheres começam a ser tidas em
conta no mercado de trabalho pois até então estavam-lhe reservados os papéis de
esposa, mãe e dona da casa.
Este incremento de mais um papel levou-as a ajudar no
rendimento familiar, apesar de ganharem menos do que os homens, e a terem
consciência do seu valor e capacidade.
Hoje em dia as mulheres exercem cargos de liderança em
grandes instituições não descurando os seus outros papéis fora da vida
profissional, porém há ainda um caminho a percorrer.
Empoderamento ou na sua versão anglófona Empowerment
significa: Mecanismo em que pessoas,
organizações e comunidades assumem o controlo dos assuntos e destino da sua
vida tendo consciência das suas habilidades e competências para produzir criar
e gerir
A mulher africana poderá analisar o empoderamento como algo
que a ajudará a escalar a ascensão profissional, pois somos muitas no ensino
universitário, nos locais de trabalho e temos um bichinho de empreendedorismo,
contudo são raras as que sobem aos lugares de topo, auferindo de forma igual ou
superior aos homens.
A.V Steil afirma no seu artigo “Organizações, género e posição hierárquica – compreendendo o fenómeno
do tecto de vidro” que o tecto de vidro é uma representação simbólica de
uma barreira que de tão subtil, é transparente, mas suficientemente forte para
impossibilitar a ascensão de mulheres aos postos mais altos da hierarquia
organizacional.
E como evitamos os tectos de vidro? Com programas que visam
a equidade, mas acima de tudo através da formação.
No Brasil foi criado um programa de Pró – Equidade do Género
que tem como objectivo promover a igualdade de oportunidades entre homens e
mulheres no mercado de trabalho desenvolvendo concepções e procedimentos na gestão
das pessoas e na cultura organizacional. Este projecto é uma iniciativa da
Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República
com parceria do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher e da
Organização Internacional do Trabalho, provando que empoderamento feminino é
algo a ser levado em conta.
As africanas devem quebrar os estereótipos em que se
atribuem essencialmente às mulheres a responsabilidade das tarefas domésticas e
do cuidado com os filhos encontrando também uma forma de conciliar as
exigências da maternidade com a profissão pois num mundo cada vez mais
competitivo quem melhor preparado estiver vence.
Em 2005 no Fórum Económico Mundial foram avançadas as cinco
dimensões importantes do empoderamento e oportunidades das mulheres levando em
consideração os padrões de desigualdade entre homens e mulheres sendo estes:
·
Participação Económica
·
Oportunidades Económicas
·
Empoderamento político
·
Avanço Educacional
·
Saúde e Bem-Estar
O Avanço Educacional é o pré – requisito fundamental para o
empoderamento das mulheres em todas as esferas da sociedade. Sem educação de
qualidade e conteúdo comparável à recebida pelos homens as mulheres não
conseguem acesso a empregos bem pagos no sector formal, nem avanços na
carreira, participação e representação no governo criando influência política, isto
é devemos investir ainda mais no que diz respeito às oportunidades de aumento
de conhecimentos quer seja através de participação em Workshop’s, Conferências,
Formações ou graduações superiores.
Temos orgulho enquanto africanas de todos os papéis que
desempenhamos, pois somos o leme familiar, continuamos a acreditar na riqueza
de famílias numerosas, não deixando de procriar em prol do trabalho como em
outras partes do mundo, mas devemos ter consciência que a ascensão profissional
implica um esforço adicional e uma boa preparação que nos abrirá portas
influenciando de forma positiva as gerações vindouras.